Ofensiva no Irão "foi uma traição ao processo diplomático" com EUA

O Governo do Irão descreveu hoje a ofensiva militar israelita como "uma traição" ao processo diplomático com os Estados Unidos, numa intervenção do ministro dos Negócios Estrangeiros no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Abbas Araghchi

© ATTA KENARE/AFP via Getty Images

Lusa
20/06/2025 18:26 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Fomos atacados no meio de um processo diplomático. Devíamos reunir-nos com os norte-americanos no dia 15 de junho para elaborar um acordo muito promissor", declarou Abbas Araghchi, pouco antes do seu encontro com os seus homólogos francês, britânico e alemão num hotel em Genebra, na Suíça.

 

Alegando que o Irão estava prestes a adquirir uma bomba atómica, Israel lançou vagas de bombardeamentos aéreos em grande escala contra a República Islâmica em 13 de junho, o que desencadeou uma sequência de ataques cruzados nos dois países desde então.

Na sua primeira viagem ao estrangeiro desde o início do conflito, o ministro iraniano condenou o ataque israelita como um "horrível ato de agressão", que interrompeu as negociações em curso sobre o seu programa nuclear.

O enviado especial dos Estados Unidos para o Médio Oriente, Steve Witkoff, tinha planeado reunir-se com Araghchi em Omã, no dia 15 de junho, mas o encontro foi cancelado após o início dos ataques israelitas.

"Deveríamos reunir-nos com os americanos no dia 15 de junho para elaborar um acordo muito promissor para uma resolução pacífica dos problemas que foram fabricados em torno do nosso programa nuclear pacífico", comentou hoje o chefe da diplomacia de Teerão.

Para Abbas Araghchi, a ofensiva israelita "foi uma traição ao processo diplomático", bem como uma "guerra injusta imposta" ao seu povo e ainda "um golpe sem precedentes nos fundamentos do direito internacional e do sistema das Nações Unidas".

O Ocidente suspeita que o Irão procura desenvolver armas nucleares, o que Teerão nega, defendendo o seu direito a um programa nuclear civil.

Israel, por seu lado, mantém a ambiguidade sobre a posse de armas nucleares, mas, de acordo com o Instituto Internacional de Investigação da Paz de Estocolmo (SIPRI), o país possui 90 ogivas nucleares.

Destacando o risco de radiação após bombardeamentos contra instalações nucleares, o ministro iraniano sublinhou que estes ataques configuram crimes de guerra.

"O Irão espera legitimamente que cada um de vós defenda a justiça e o Estado de direito", declarou perante o Conselho dos Direitos Humanos da ONU.

A Casa Branca indicou na quinta-feira que o Irão tem capacidade para montar uma bomba nuclear em 15 dias se o líder supremo, Ali Khamenei, der a ordem, mas o Presidente norte-americano não tomou nenhuma decisão sobre a participação de Washington no conflito, ao lado de Israel.

"Dado que existe uma possibilidade substancial de potenciais negociações com o Irão num futuro próximo, tomarei a minha decisão nas próximas duas semanas", afirmou, no mesmo dia, Donald Trump, numa declaração transmitida pela porta-voz presidencial

Estados Unidos e o Irão não têm relações diplomáticas e hoje a Suíça anunciou que vai encerrar temporariamente a sua embaixada em Teerão, mas continuará a representar os interesses de Washington na República Islâmica.

Os bombardeamentos israelitas causaram pelo menos 224 mortos, incluindo altos comandos militares e cientistas que trabalhavam no programa nuclear, mas o número deverá ser bastante superior, uma vez que os últimos dados oficiais remontam a domingo.

Israel estima, por seu lado, que os ataques iranianos já fizeram pelo menos 24 mortos e 1.217 feridos, 12 em estado grave.

Leia Também: Milícias xiitas do Iraque ameaçaram atacar interesses dos EUA

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