Cabo Delgado. Maio com aumento mais acentuado de violência desde 2022

As Nações Unidas alertam que maio registou o aumento mais acentuado de violência armada na província moçambicana de Cabo Delgado desde junho de 2022, afetando mais de 134 mil pessoas em 61 incidentes de segurança.

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Lusa
17/06/2025 08:33 ‧ há 11 horas por Lusa

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Moçambique

 

 

De acordo com um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), dos 61 incidentes de segurança resultantes da escalada de violência naquela província do norte de Moçambique, 38 envolveram ataques a civis.

"As vítimas confirmadas incluem dez assassinatos, algumas decapitações e pelo menos 45 raptos, sobretudo de crianças", refere-se no documento.

A província de Cabo Delgado, situada no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

As novas movimentações de extremistas no norte de Moçambique incluem Niassa, província vizinha de Cabo Delgado, onde, desde a sua eclosão em 29 de abril, provocaram pelo menos duas mortes: dois guardas florestais decapitados.

Segundo aquela agência da ONU, "o aumento mais acentuado da violência" em maio centrou-se, principalmente, nos distritos de Mocímboa da Praia, Muidumbe, Macomia, Ancuabe, Montepuez e Palma, tendo-se alastrado a Mecula, na província do Niassa, onde cerca de 2.000 pessoas fugiram das suas aldeias.

"O aumento da utilização de engenhos explosivos improvisados colocou ainda mais em perigo os civis, tendo sido registados três incidentes em maio - um ferindo um homem em Quiterajo (19 de maio) e outro ferindo vários civis, incluindo crianças, em Nangade (23 de maio)", refere.

De acordo com o OCHA, a insegurança "perturbou" os serviços essenciais, obrigando a que as equipas móveis de saúde suspendessem as operações e as escolas fechassem nos distritos de Ancuabe, Montepuez e Nangade.

Enquanto os ataques dos grupos armados aumentam em Cabo Delgado, a agência da ONU alerta também para o facto de as tensões entre os deslocados internos e as comunidades de acolhimento se terem agravado.

"Em Muidumbe, os líderes locais, seguindo ordens das autoridades locais, negaram o registo a 1.242 deslocados internos recém-chegados --- incluindo 472 crianças ---, enquanto a milícia Força Local recebeu instruções para repelir as populações deslocadas à força", explica o relatório, sublinhando que a "frustração" da comunidade agravou os desafios operacionais.

O aumento das tensões sociais, decorrentes da insatisfação pública com a distribuição de ajuda, levaram ao saque de mantimentos e camiões humanitários em Chiúre e Mocímboa da Praia, segundo o documento.

"A 29 de Maio, uma ONG internacional suspendeu a distribuição de alimentos em Macomia, deslocando dois funcionários internacionais para Pemba devido ao aumento das ameaças", acrescenta o texto.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

Leia Também: Unicef apoiou mais de 26 mil pessoas desde abril em Moçambique

 

 

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